terça-feira, 14 de junho de 2016

OMD 2016 - Agradecimento

Vamos lá tentar descrever alguma sensações passadas nas 33h na Serra da Estrela.

Tudo começou em Setembro de 2015 quando descobri que ia ser pai.

Após o OMD 2015 tinha decidido que na próxima edição estaria do lado de fora da prova, dando apoio aos atletas que se aventuram a atravessar a bela e perigosa Serra da Estela em especial a minha super atleta Necas. Pois bem, quando soubemos da boa nova, a presença da Inês estava fora de questão. Naquele momento a Inês chorava por não participar. E eu disse de imediato:
- Inês se tu não podes ir, vou eu! E vou às 100 milhas!

Estava decidido!! E pus-me a caminho.

Como se isso não bastasse, incentivei os meus mais chegados a participar também, fossem eles pouco, nada ou muito experientes. As negas foram muitas, mas com persistência consegui a presença de muitos.

O Adelino, Zé To, Iria e Tigas arriscaram nos 40k que são extremamente difíceis. A exceção do Tigas, que se lesionou em cima do evento e não conseguiu participar, todos concluíram  a prova com sucesso. Aqui entre nós, depois desta aventura, já andam a pensar em voos mais altos.

O maior desafio foi mesmo tirar do sofá os meus amigalhaços que não se mexiam aos anos. O João Daniel, o Bamba, o Teixeira, a Dulce, o Antunes (neste caso o sucesso era mais que previsível, está em grande forma e qualquer dia está a fazer uma Maratona). Tentei de tudo, mensagens, conversas a desafiar e nada, não havia maneira de se inscreverem. Até que decidi ser eu a tomar a iniciativa. Tungas, inscrevi-os na prova e esse foi o clique que precisavam. A medo, lá se foram preparando. E não é que houve um pequeno percalço e em vez de fazerem os 20km onde estavam inscritos acabaram por fazer 31km. Ah Serranos de uma figa. Prometeram voltar e até participar em outras provas. Só por isto valeu a pena toda a minha persistência.

Sexta Feira 3-6, 13h, saída da Covilhã em direção a Seia. Lá fui de boleia com o amigo João que fez o favor de me levar a partida, devia ter medo que borrasse a cueca e desistisse antes de começar :) Mentira, fez questão de estar presente naquele momento e eu agradeço do fundo do coração a sua amizade e disponibilidade para me aturar.

Seguimos serra acima, paramos na fonte da Santa para encher os reservatórios de água que levava comigo. Era o que faltava ir para a serra e beber agua engarrafada. Paramos no Sabugueiro para um cafezinho e outro acompanhamento que não digo qual é por vergonha :(

Chegados a Seia começou o nervosismo.

Sai do carro em direção ao secretariado para levantar o dorsal e mal sentia as pernas de tão bambas que estavam. Oh Meu Deus, onde eu me vim meter! Com tantas caras conhecidas e conversas aquilo lá passou.

Saídos do briefing, lá ao fundo avisto a Ana e o Adelino. Pensei: "Estes são malucos!! Que raio estão aqui a fazer?". Depois aparece o Iria e a Sandra. Disseram que saíram mais cedo para me verem partir e incentivar. Sinceramente não sei o que fiz para merecer tamanho carinho. Espero um dia poder retribuir todo este carinho que vocês manifestam por mim. Estava completamente descontraído para partir por ali fora.

Partida - Foto Sandra Batista

O contador lá atras estava em contagem decrescentes (10,9,8...) e a minha postura era esta. Ridículo!

Parti bem cá de trás, como costume. Neste tipo de provas não me interessa o tempo que faço ou o lugar em que fico. Faço por gosto, por realização pessoal por enriquecimento próprio, por experiência e modo de vida. Deixo os PBT´s, médias e lugares para o fim da corrida. Por vezes as surpresas acontecem!

No briefing fiquei a saber que os primeiros 50km apesar de exigentes eram bastantes rolantes o que permitia correr muito e a grande velocidade.

Assim foi, chegado ao Vale do Rossim ia fresco e feliz da vida. Para além do percurso ser propicio a correr era extremamente bonito, com paisagens deslumbrantes. Para juntar a beleza natural da Serra, o nevoeiro fez nos companhia durante esse trajecto. Dando a serra um ar misterioso. Correr acima das nuves absolutamente fantástico.
Quem é que lá estava, quem era? Pois claro, o Adelino, a Ana e o Iria! A serio... o que é que vocês aqui estão a fazer! :) La trocamos uns dedos de conversa, e umas risadas. Uma verdadeira comédia, só visto... Segui caminho sob os incentivos destes 3 generosos amigos, com a garantia que não estariam na próxima paragem.

Cheguei ao Sabugueiro num instante. 60km já cá moram. Só faltam os 100 do ano passado, pensei eu. Ali chegado começo a ouvir o meu nome. "Mau, mas quem é o doido que aqui está?" Era o Saraiva e a Irene!! A sério?? Tinham prometido que se fizesse as 100 milhas iam acompanhar, mas julguei que era brincadeira. Bem hajam por tudo, vocês são incríveis! Ali estivemos um pouco a conversa bem animados.

Saí dali com mi companheiro de carrera (Manuel...) desde o km 20 e tal até aos 70 km. Este Senhor deu-me uma grande lição de vida, de resistência, persistência, esforço, humildade... Espero um dia voltar a cruzar-me com este grande lutador!

Sabugueiro - Km 60 Foto José Saraiva
Chegado a Lagoa Comprida, depois de um troço muito difícil e exigente começam os problemas técnicos. 
Foi uma subida e tanto... desde a barragem hidroelétrica até a lagoa comprida houve de tudo. Estradões a subir, a descer, mato com mais 2 metros de altura, escalada de rocha em rocha, algumas com agua a correr o que fazia as sapatilhas escorregar que nem uns patins. Isto tudo na noite cerrada da estrela, onde a noite sem a luz da lua é verdadeiramente escura. Via-se apenas as luzes dos frontais lá ao cimo que anunciavam que a subida ainda era comprida e demorada. Nessa parte do percurso passamos junto aos Cornos do Diabo, mas infelizmente (ou não) não foi possível avistar.

Tinha a sensação de ter areia nas sapatilhas, sentei-me numa rocha, descalcei, limpei os pés e voltei a correr, mas as areias permaneciam. Cheguei então ao PAC da Lagoa aflito dos pés. Deslacei-me para ver que raio se passava. Afinal não eram areias mas sim bolhas nos pés. nunca tinha tido sofrido deste mal. Felizmente levei um par de meias na mochila para precaver algo deste género.

Limpei bem os pés, mudei de meias, mas a diferença foi pouca, para não dizer nenhuma. Dali até a torre eram cerca de 10km, não consegui correr 100 metros seguidos, tal eram as dores. A temperatura era baixa e sem correr não conseguia aquecer, estava totalmente desesperado, os minutos iam passando e a torre nunca mais chegava. estava esgotado e cheio de frio. Pensei que era o fim, ia desistir depois de 70 km tão bons. Quase chorava ali no planalto completamente sozinho. Os atletas dos 100 km começaram a passar-me e pensei: "Não tarda está aqui o Luzio, pode ser que recupere e acompanho-o um pouco". Mas nada, nunca mais aparecia.

Ora bolas, bolhas, frio, desmotivado e aquele gajo não aparece. Mas que raio se passou!?
Pensei ligar, mas não queria parar ali no meio com tanto frio. Não tarda está aí...

Torre, finalmente cheguei!

As enfermeiras da Cruz Vermelha perguntaram:
- Precisa de alguma coisa?
- Sim, preciso que me vejam os pés!
- Vamos lá ver isso então.
- Primeiro deixe-me comer e beber se faz favor, que já nem sei se tenho mais dores ou fome.

Comi muito. Sopa, arroz, queijo, presunto, marmelada, banana. Eu sei lá. Lá foram ver os pés... eram só 4 bolhas, 2 em cada pé! Enquanto faziam os curativos mediam-me também a temperatura. Ninguém saía dali com menos de 36º. Pois claro, estava abaixo e bem abaixo. Pumbas...
- Fique aqui a beber chá e comer sopa para aquecer...

Raios me partam, não faltavam as bolhas e ainda estava em risco de hipotermia!?

Ali fiquei, mandei mensagem a Inês, como havia combinado para me encontrarem em Unhais dali a 2h e pouco. Vontade não me faltava para sair rapidamente dali e ir a Unhais para trocar de sapatilhas.
Passado uns copos de chá  e sopas quentinhas o corpo lá estabilizou nos 36º e tive alta para me por dali a mexer. Vamos lá testar estes pensos caneco!! Corri por ali fora até Unhais da Serra onde completei os 100k.


Descendo o trilho da torre até ao Covão do Boi onde começa a estrada e se vê a gravura da Santa esculpida nas rochas, passa um carro a buzinar. Olho lá para dentro e quem era?
O Luís Nunes, amigo de infância, colega de escola primaria, nascido no mesmo dia e ano que eu, 1-2-1980. Adivinhem para onde ia?

Seia pois claro, o K 70 espera por ele. Fiquei contente de o ver e com esperança de voltar a cruzar-me com ele já depois da segunda passagem na Torre. Não sei que raio nos deram na maternidade, mas que foi forte lá isso foi! :P

Naquele troço a vontade de correr era tanta que cheguei a fazer km a 5'10. Embalado pela boleia do companheiro Paulo Ferreira que estava a fazer os 100km e pela Isabel que estava nas 100 milhas como eu.

Perguntei ao Paulo pelo Luzio, disse-me que ia a frente dele.
Mau, mas ele não passou por mim, ou será que passou na torre enquanto estava na enfermaria?
Estranho...
Chegado la abaixo estava a Necas, o meu cunhado Cardoso e a minha irmã Alexandra.
A Inês disse-me que estava com os lábios brancos e que tinha de beber agua. Pois... eu não disse que o queria era correr? Ate me esqueci de beber agua.:)

Unhais da Serra 100km - Foto Pedro Cardoso


Bem aquele abastecimento em Unhais da Serra, no H2Otel foi um verdadeiro luxo. A vontade de sair dali era pouca ou nenhuma. Tinha tudo do bom e do melhor. Melhor ainda era ter roupa lavadinha e sapatilhas a minha espera.

Ali fiquei a saber que o Luzio tinha tido uns problemas técnicos e desistiu. Fiquei de rastos, treinou tanto e está em tão boa forma e desistiu!? 

Bolas... isto hoje está a correr bem está!
A noticia boa é que apesar de tudo fiz os 100km em 16h e 40 min, estes dados deram me motivação e esperança que ia conseguir chegar ao fim.


Descansei um pouco, respondi a algumas sms de incentivo. A Cláudia, o Hugo, o Gonçalo, o João, a Joana, a Raquel, o Bamba... Liguei o facebook, mas assim que o fiz desliguei logo, aquilo estava o fim do mundo. A malta do Correr Lisboa estava a acompanhar a minha prova e os incentivos eram mais que muitos, desde os companheiros mais chegados a ilustres desconhecidos. A família Correr Lisboa, é assim, solidaria para com os seus companheiros.

O João Pedro alem de me ter acompanhado durante a prova também me acompanhou em alguns treinos. Este miúdo qualquer dia está a fazer estas loucuras e ainda diz que a culpa é minha, depois quem tem que ouvir a Ana e o Adelino sou eu.

O Tigas dizia já faltava pouco... "só" 60 km. :)

No Whats Up, os companheiro de trabalho e corrida também me apoiavam. Obrigado por tudo, vocês estão muito fortes! :)

Já tive oportunidade de dizer que vocês estragam me com mimos e nunca conseguirei agradecer e retribuir todo o vosso carinho. Obrigado a todos e desejo que vocês cumpram também todos os vossos sonhos.

Acreditem que não há impossíveis e na corrida a cabeça é tão ou mais importante que as pernas.
Corram com o coração e alcancem a vossa meta independentemente dos tempos conseguidos. Seremos sempre uns vencedores!

De Unhais da Serra a Alvoco da Serra eram aproximadamente 12 km, sendo uns 7km a subir. Diziam que era mais fácil que no ano passado, mas eram mais km. Bem eu cá não sei se foi ou não mais fácil, mas que me custou lá isso custou.

Chegado ao cimo da montanha a vista era brutal, via-se lá ao fundo a vila e toda a cadeia montanhosa da Serra do Açor, brutal mesmo. Fiquei com vontade de lá voltar, mas não sei bem como pois os carros não passam lá e a pé não sei se me apetece muito :)

Já disse que me custou horrores a subir, mas dali até ao Alvoco era sempre a descer, e o que parecia fácil tornou-se difícil. Correr por ali abaixo no meio de pedras e cascalho com 2 bolhas em cada pé é algo verdadeiramente tortuoso. Disse tanto mal da minha vida, cheguei a vila totalmente desmoralizado.

É aqui que entram em campo o David e a Isabel. Já nos conhecemos há algum tempo e a minha admiração por este casal já era grande por toda a sua experiencia em corridas deste género. Juntos somam mais de 200 maratonas e ultra maratonas, percorridas em todo o mundo. Mas a partir deste dia não só aumentou a minha admiração como terei um agradecimento profundo para com eles.
Boa sorte para a PT 281, espero conseguir estar presente para vos apoiar no que puder.
O troço Unhais Torre tinha sido feito com um companheiro que agora sei o nome (Manuel Augusto) mas que durante toda a prova o chamei Algarvio. Durante a noite foi também uma preciosa ajuda para encontrar o trilho certo.

Estas provas têm o condão de nos apresentarem gente extraordinariamente fantástica, bem disposta, onde a entreajuda e companheirismo estão acima de qualquer classificação ou tempo final.
Na ponta final da descida descolou e nunca mais o vi, mas fico feliz por ter acabado a prova e abaixo das 32h, que eram os seus dois objetivos.

No abastecimento do Alvoco (que estava 5 estrelas, como costume) disse meio a brincar meio a serio, "Já aqui ficava". A Isabel que estava ao meu lado, olhou para mim e disse: "Então, que conversa é essa? É até ao fim!". Depressa arranjei uma desculpa qualquer e disse claro que sim, é até ao fim.
Ups... não voltes a dizer isto...

Até a torre são cerca de 8 km com 1.200 D+, com o mítico km vertical pelo meio, coisa pouca.
Lá arrancamos os 3: eu, o David e a Isabel.

O percurso é duro, mesmo muito duro, zonas onde é praticamente impossível correr, ainda por cima para quem vem com 110 km nas pernas e 4 bolhas nos pés. Alcançada a primeira "varanda" a vista é absolutamente soberba. Parece que estamos no topo do mundo. Sentei me numa rocha para restabelecer as energias e comer uma barra, lá ao fundo do "poço" via uns atletas que iniciavam a subida e lá ao cimo do monte outros que estavam prestes a acabar o purgatório. Continuei por ali acima e imprimi um pouco de mais velocidade para chegar a Torre e fazer a reavaliação das bolhas conforme havia combinado com as enfermeira na 1ª passagem.

Qual é o meu espanto que chegado ao ponto mais alto de Portugal Continental tinha uma enorme claque a minha espera. Estava completamente esgotado, praticamente não falei. Desculpem mas não conseguia mesmo. Obrigado Pedro Rebordão, Henrique, Simão, Joana, Matilde, João Vasco, Joãozinho, Sónia, Luzio, Diogo, Rodrigo, Cardoso, manas Xandinha e Sofia e claro a minha Necas e meu pequenote Gustavo que estava dentro do carro sobe o olhar atento da minha querida Laurinha. Ali estava ele a dormir que nem um anjo enquanto o teimoso do pai insistia em comemorar o seu nascimento concluindo as 100 milhas! Já tinha saudades tuas, e toda a gente a minha volta sabia que tinha um filhote com 24 dias :)

De rastos - Foto Joana Ferreira

Como combinado e depois de comer tudo o que tinha na vontade lá fui eu tratar dos pés e medir a temperatura. Desta feita estava tudo bem com a temperatura, já as bolhas...A situação não melhorou, como é obvio. Novos pensos e lá vou eu a caminho de Loriga.
Apesar de ser a descer o grau de exigência é elevado, pois na zona da Torre existem tufos de relva que não ajudam a corrida e a Garganta da Loriga apesar de lindíssima também não é nada fácil descer por aquelas rochas. Para ajudar a festa, este ano o mato é mais denso num trilho bastante estreito e sinuoso. Apesar de tudo, aquela paisagem vale todo o esforço.

Demorei uma eternidade a chegar a Loriga. Estava lá o Luzio e a Nica para me receber. Depois de me verem a Nica fugiu logo, tal era o meu cansaço que nem me queria dizer nada com medo que desistisse. O Luzio acompanhou-me até ao abastecimento e lá me ajudou a encher os reservatórios de agua e a trazer a papinha ao menino. Mais uma vez troquei de roupa para me sentir mais confortável.
Ali sentado disse ao Luzio: "Acho que vou ficar aqui, estou de todo."

Incentivava-me a continuar, mas não o ouvia . O desespero e cansaço era enorme.
O David dizia: "Vá Francisco, vem connosco até a Cabeça. O percurso é fácil e depois há uma grande subida e aí as bolhas não te incomodam."

A custo e a medo, lá fui eu. Confidenciei ao Luzio que caso não recuperasse ficava no posto seguinte.
Foi o melhor que fiz, alem de ser um trajeto fácil é extremamente bonito. Fomos praticamente sempre a correr, ora num trilho dentro de um pinhal ora junto a uma levada de pedras de xisto com uma vista magnifica, lá em baixo avistava o rio, mas a distração não pode ser muita, pois há zonas em que a pedra está solta e tem um precipício mortal. Ali ainda consegui ir para a frente do grupo e impor um passo acelerado.

La chegamos ao PAC da Cabeça muito mais animados e com melhor aspeto.
O Saraiva e a Irene juntaram-se a Susete, aos Joãozinhos, Luzio, Sónia e Nica para nos dar a ultima força.

Dali até Seia faltavam pouco mais de 20 km, com subidas complicadas.
Seguimos novamente os três. Desta feita, como o trilho era novamente em pedrinhas e terra fina chateavam as bolhas e segui a reboque do David e da Isabel, tentando sempre não descolar muito.
Faltava então os PAC's de Valezim e Lapa dos Dinheiros.
Em Valezim ainda troquei dois dedos de conversa com populares que ali estavam admirados com os loucos que atravessam a serra dia e noite.

Praticamente não paramos, apenas demos os números dos dorsais e seguimos caminho até Lapa dos Dinheiros que fica a cerca de 3 km dali.
Aí chegados nova claque de apoio, os meus sobrinhos Diogo e Rodrigo, o João Daniel, o Adelino (que já tinham concluído as suas provas e estavam alí para me dar uma força) a Ana, o Saraiva, a Irene, a Susete, o Luzio, a Sónia, o meu cunhado Eduardo e talvez mais gente, mas pelo adiantar da hora e do cansaço nem sei...

O Diogo e o João queriam me acompanhar até ao fim, mas disse-lhes que não podiam, caso fizessem podia ser desclassificado. Lá comi o costume, sopa, tomate com sal, marmelada bananas...
O cansaço era muito e sabia bem que os 9 km finais eram terríveis com duas subidas curtas mas bastante inclinadas e com um final desesperante.

Na ultima subida, antes de chegar as levadas da Senhora do desterro tive uma má disposição brutal, disse para a Isabel que tinha que fazer uma paragem técnica para ela continuar sem mim. Dores brutais de barriga e vómitos atras de vómitos.

O David voltou para trás para ver se estava bem, disse que sim e já os apanhava... e lá seguiu depois de insistir com ele. A verdade é que depois desta paragem fiquei francamente melhor, não sei se pelo medo de falhar em cima da meta se me fez mesmo bem deitar cá para fora o mal.

Corria pela levada fora a alta velocidade, quando olho para o relógio e vejo:  volta 158 10'. Afinal não vou assim tão rápido. Mas pensei, se calhar ainda apanhou a paragem técnica, continua assim com este ritmo que ainda os apanhas. Volta 159, outra vez próximo dos 10' por km. Bolas estou mesmo mal, parece que vou a sprintar e demoro 10 minutos a fazer um km!

Nesta parte da prova em que seguia sozinho na escuridão da Serra e pelo adiantar da hora (julgo eu) ouvia passos ao meu lado, como se tivesse alguém a correr ombro a ombro comigo, ainda olhei umas poucas de vezes para o lado e para trás para ter a certeza que estava completamente só, a luz do frontal batia em rochas e parecia fazer forma de pessoas e ou animais, mas conforme me ia aproximando essas imagens voltavam ao que realmente eram. Rochas!! Alucinações provocadas pelas mais de 30 horas sem dormir, pelo cansaço e talvez pelo medo de ficar ali no meio da serra sem conseguir pedir auxilio.

Chegado então a ultima subida, lá está ela a Cabeça da Velha a olhar para mim.
Pensei, já está... daqui até Seia é sempre a descer e apesar do trilho ser péssimo para as bolhas e joelhos, vou chegar ao fim! Lá fomos os 3, sempre com o David a comandar o pelotão.

Acabou o trilho no estádio de Seia e agora é alcatrão até a meta.
O David e a Isabel ganharam-me uns metros e já chegados a meta param, esperam por mim para cruzarmos a meta os 3 ao mesmo tempo!

Ca está a foto para a posteridade. Eu e os meus padrinhos das 100 Milhas, o casal que me levou a meta só porque sim!

Padrinhos, bem haja por tudo - Foto Inês
Mentia se dissesse que nunca mais me meto noutra assim, que é um exagero, uma brutalidade que não vale a pena... Isto não é um vicio é uma paixão. Mas, há paixões maiores, por isso a minha prioridade agora são essas paixões.

É tempo de limpar as armas e lamber as feridas. Faço uma pausa por tempo indeterminado com a garantia que na próxima edição do OMD estarei presente mas noutro registo.
Obrigado Horizontes por esta aventura, o OMD é a minha prova favorita e vou querer acompanhar de perto o vosso sucesso.

Agradeço a minha Necas que me apoiou incondicionalmente nesta loucura e incentivou-me a treinar mais e melhor.

Ao meu Gustavo, que esta historia marque a tua vida como marcou a minha!

Correr é uma paixão - Foto Ana Martins

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

I Etapa Circuito Territorio Centro - Proença a Nova

Tcharam... Estou de volta ao blog!
Depois de um período intermitente, voltei às corrida que mais me fazem feliz, aos trilhos, ao contacto com a Natureza longe da cidade e das multidões.

Aqui está o gráfico, parece bem mais fácil do que realmente foi!
Desde meados de Novembro até final do ano 2014, andei com dores no tornozelo esquerdo, segundo a médica tratou-se de uma tendinopatia tibial posterior.
Por isso abrandei os treinos e para esta prova não estava nas minhas plenas capacidades fisicas e psicológicas.
Todos os anos tenho sempre um grande objectivo, uma prova de fogo, até lá chegar preciso de treinar muito e bem e o território centro foi o escolhido para preparação do OMD 100k.
O Território Centro é composto por IV etapas:
Proença a Nova 47 Km
Vila Velha de Ródão 48 Km
Vila de Rei 67 Km
Sertã 47 km
No Circuito estão inscritos grandes atletas, e o facto de estar na partida com atletas de alto gabarito é uma grande honra.
A partida deu-se as 9h da manhã e apesar do sol radioso as temperaturas eram muito baixas, principalmente quando descíamos aos vales, onde o sol não chega durante várias horas e até dias.
Os campos completamente geados, a cada passo ouvia-se o gelo a quebrar por baixo dos pés.


A primeira metade do percurso era bastante rolante, com uma ou outra subida que nos obrigava a ir a passo mas nada de especial, logo a seguir uma recta ou descida mais ou menos técnica, que fazia acelerar o passo.
Praticamente durante a 1ª metade fui na companhia de não 1, não 2, mas sim 3 atletas que respeito e admiro: Rui Pedro Julião, David Faustino e Isabel Moleiro.
Fui perguntando sobre algumas experiências que tiveram, 100 milhas da Serra da Estrela, Mont Blanc, Maratonas... Até da S. Silvestre da Amadora falámos.
Uma verdadeira cavaqueira. :)
O pior veio após o km 28.
Comecei a acusar o cansaço e a não conseguir dar a volta as dificuldades que estava sentir.
Não consegui cerrar os dentes e atacar os trilhos que nem um serranito.
Desta vez o único Serranito naquela prova era o Luzio, que ia completamente largado, ainda antes do km 5 deixei de o ver.
Aos 30 km mesmo antes da subida da vigia senti a 1º cãibra no gémeo esquerdo, parecia que estavam a espetar mil agulhas.
Bolas... ainda falta tanto e já assim estou, pensei.
A partir dali foi um verdadeiro suplicio, só faltou ter um chicote e ir chicoteando-me enquanto corria.



Dores atrás de dores.
 
Valia me o telemóvel e o facebook que me permitiu ir conversando com alguns amigos pelo chat. Como me custava escrever, decidi fazer mensagens de voz.
Certamente uns simplesmente riam, outros rebolavam de tanto rir, outros pensavam, "este gajo é maluco", outros, "isto não é correr... até dá tempo para isto" outros (se calhar 1 ou dois, ou talvez nenhum) "este gajo é TOP, está a correr ha 3/4/5 horas e ainda consegue falar!? TOPMundial!!"
Bem, deu para rir e para passar um pouco melhor o tempo.
Alem destas comicada, tive um momento engraçado numa povoação antes de chegar aos Montes da Senhora.
Lá ia eu no meu passo apressado para que acabasse o sofrimento, avisto duas sras (velhotas)
 - atão rapaz, força...
Fiz o olhar 45 e disse à moda da beira "tarde" (boa tarde em português), com aquela voz cansada depois de um dia a passear as ovelhas, ou depois de um dia no campo, na apanha das azeitona, ou dos fardos de palha (só de pensar já me doem as costas).
- "tira umas tangerinas" - apontam para a árvore.
Disse:
- "obrigadinho, não é preciso."
- "tira lá rapaz que são boas."
Como já não tinha muita força para ripostar, rendi-me e estiquei o braço e apanhei duas.
Continuando, uns metros mais À frente, dois Srs (menos velhotes que as sras).
- "Tarde"...
- "Tarde..."
- "Força que está quase, já só faltam 10 km."
- "Pois... mas já cá moram 37."
- "Eu gabo-vos..." qualquer coisa que já não me lembro, disse o homem.
O outro viu que comia tangerinas e disse:
- "São boas não são? "
- "São pois"
- "Se quiseres leva mais, ou volta para trás."
Agradeci a gentileza e pensei. Sim... volto mesmo atrás. e fui a rir até aos Montes da Sra, aldeia onde estava o ultimo abastecimento.
Por falar em abastecimentos, sabem o que havia nos abastecimentos?
Sim, havia muita fruta, agua, refrigerantes, amendoins, batatas fritas, tomate com sal, sopa e ainda...
Papas de Carolo! Estavam tão boas, mas tão boas!
Melhores só as da minha mãezinha :)
Passado o ultimo abastecimento situado nos Montes da Senhora, já "só" faltavam cerca de 7 km.
Neste troço as cãibras sucediam-se umas atrás de outras e para ajudar o desanimo os atletas iam passando por mim uns a seguir aos outros.
A sorte é que apareceu o Luzio para me ir buscar por uma orelha. O rapaz vinha fresco que nem uma alface.
Valeu amigo!
A minha power puff runner concluiu o primeiro ultra trail e eu fiquei muito orgulhoso pela sua conquista.

Não foi lá grande desempenho, mas deu para perceber que tenho muito km por trilhar.

Quanto à organização, uma vez mais primaram pelas excelentes marcações, percurso duro q.b com paisagens magnificas.

Sábado, 7 de Fevereiro, Vila Velha aí vamos nós!


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Maratona do Porto – Mão à palmatoria

Este post correu o risco de ser o mais curto da (curta) historia do Xico Da Boina.

Podia ser:


Fui ao Porto corri 42 km no asfalto e regressei a casa.


Mas não, não mesmo!!!

Sinceramente não queria que assim fosse, pelas razões que já expliquei no post anterior. Uma prova desta dimensão e com todas a historia evolvente merecia mais do que estava disposto a dar.

Devido ao post anterior, na véspera e ante véspera da prova recebi mensagens, telefonemas de animo e alento. Não é que aqueles amigos (os de infância, juventude) me ligaram a horas impróprias? A sorte é que já os conheço há muito tempo e depois de termos falado por volta da meia noite desliguei o telemóvel não fossem eles pregar uma partida.

Quando acordei às 6:15 recebi um sms a indicar que tinha uma nova mensagem de voz… Ainda pensei ligar mal acordei, mas corria o risco de estarem acordados e não tinha muito tempo para conversas. Ouvi… e aquilo é de rebolar a rir. Enquanto ouvia, imaginei uma mesa redonda com copos, garrafas de jeropiga e castanhas assadas e o telemóvel a rodar de mão em mão e cada uma disse o que quis e conseguiu!

Sim, estou a dizer que estavam borrachos. Ai não gostam? Quem manda ligarem as pessoas a essa horas!?

O que é certo é que funcionou como um grande estimulo e nos momentos mais difíceis lembrei me de todas as mensagens de incentivo!

Obrigado por me apoiarem e não criticarem nem menosprezarem este meu hobby.




07:30 da manhã parte da comitiva Correr Lisboa sai do hotel em direcção ao pavilhão Rosa Mota, ponto de encontro do Vicentes. Por lá estivemos em grande cavaqueira com outros amigos corredores, sempre num ambiente tranquilo sem tensões.

Embora sem querer demonstrar a Inês parecia estar um pouco preocupada comigo e com o que podia acontecer.

Eu nem pestanejava: Calma, vai correr tudo bem. Já fiz mais km e já corri durante 10h seguidas.


Mas nunca fizeste a maratona, é diferente, vai devagar e tem cuidado.


Eu estava super tranquilo.

Entramos pela porta B que era utilizada para os atletas que pretendiam fazer a prova entre as 3:15 e 3:45. Lá estavam os Vicentes Bruno, Pedro, Tiago, Heitor, David e eu. Eramos apenas 6 dos 32 bravos atletas que se propuseram a correr pelas ruas da cidade invicta. Cumprimentamo-nos desejando sorte a todos.

Não somos adversários, somos companheiros de corrida, de equipa, partilhamos o mesmo gosto que é correr.



Caiu-me a ficha quando olhei na direcção dos insufláveis e vi que o inicio da prova tinha uma subida a perder de vista e disse vou dar o estoiro.

O Tigas (Tiago) sorriu ao género, Xico eu bem tenho dito que isto não é trail, tem calma contigo.

Senti medo e respeito pela prova, algo que já não sentia há muito tempo.

Isto, não por me achar super atleta, mas por encarar todas as provas que tenho feito como se de um treino se tratasse.

Todas as épocas desportivas tenho um grande objectivo, uma meta a cruzar. Todas as outras que a antecedam são apenas preparação para a tal. É assim que encaro e por isso ando sempre tão tranquilo nas vésperas dos tais desafios.

Tenho que admitir que desta vez errei por não ter dado grande importância a Maratona. Fiz uma excelente prova eu sei, senti um enorme orgulho e satisfação quando cruzei a Meta.

Mas…

Devia ter-me preparado melhor, ter lido mais relatos de corredores de elite e de pelotão, devia ter procurado motivação para me provocar adrenalina, ou seja, devia ter namorado mais a Maratona.

Este namoro até podia resultar num pior tempo final, mas ainda assim, ficaria de consciência tranquila que tinha feito tudo o que estava ao meu alcance para fazer da XI Maratona do Porto, a minha Maratona.

Voltamos à historia do OMD 2014, em que a mochila e hidratação não funcionou e fiquei com isso atravessado.

Agora já tenho duas espinhas atravessadas na garganta que tenho que resolver já em 2015.

Voltei ao asfalto pela porta grande e adorei!!!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Maratona do Porto

A estreia em Maratona de estrada.

Desde que corro, sonho em realizar a Maratona. Não uma maratona qualquer, a Maratona onde tudo começou.

No ano 490 a.c Feidípedes correu cerca de 40 km entre o campo de batalha de Maratona até Atenas para avisar aos cidadãos da cidade da vitória dos exércitos atenienses contra os persas e morrido de exaustão após cumprir a missão.

Desde que calço os ténis de corrida muita coisa mudou. A minha paixão pela trail runing veio aumentando de dia para dia e o entusiasmo pelas provas de estrada tem vindo a diminuir exponencialmente.

Não estou preparado para fazer um grande tempo na prova, não tenho feitos muitos km em estrada e os que faço só por uma vez passaram os 27 km, o que é realmente muito pouco para quem ambiciona completar a prova rainha do atletismo.

Lembro-me da minha estreia na meia maratona estava ansioso e cheio de vontade de alcançar a meta.

Hoje nada disto se passa, estou tão tranquilo como num dia de treino e sinto-me mal com isso.

Enquanto atleta tenho que estar sempre com a ficha ligada, a viver ao máximo todos os momentos e desafios que me proponho.

Esta minha apatia deixa-me chateado.

Hoje para tentar que o bichinho tome conta dos meus pensamentos decidi escrever para me sentir mais nervoso e tentar criar um objectivo e um compromisso tão grande como a prova de domingo.

O amigo Simão parecia estar a adivinhar esta minha angustia e durante a semana enviou através do youtube o video:


A amizade é mesmo assim!

Dei comigo a pensar, quantos amigos tenho que já fizeram uma Maratona? 

Não amigos que a corrida me apresentou, amigos que tenho desde sempre, desde a infância, juventude, universidade?

Um, tenho um amigo que é Maratonista, o Luzio que é o meu companheiro da corrida.

Ora bem, se eu tenho um, os meus amigos, esses tais, de sempre, também têm um, alguns nem isso.

Por isso tenho que fazer o meu melhor e ligar a ficha o mais rápido possível, que isto não é só ir ao Porto fazer 42km e vir para casa como se nada fosse.

Nã não, o grupo dos Maratonistas merece mais respeito do que o que tenho tido até então.

Xico da Boina abre a pestana e faz o favor de dar às pernocas!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Corrida Sporting – Uma corrida especial

Hoje, faz exactamente 2 anos que comecei a correr. Tudo começou na 2ª edição da Corrida Sporting, 14-10-2012.

Bem, não foi exactamente neste dia que comecei a correr, antes já o fazia. Corria para apanhar o autocarro, para atravessar a rua, para ir a casa de banho num momento difícil, para fugir da chuva,para não chegar atrasado as aulas, esta parte é mentira, mas fica bem dizer :)

E o que eu corria para não perder um segundo de um jogo do Sporting!? Parecia mesmo o Obikwelu a fazer aqueles sprints que só ele sabe!

Desde que me lembro que corro e nem sempre gostei.

Certo dia era eu uma criança com uns 5/6 anos, estávamos a passar férias na Figueira da Foz. Num dos passeios nocturnos levava pela trela o cão da prima Nelinha, o Pinóquio. Adorava aquele cão. Não sei que se passou, mas o bicho fez um daqueles sprints do Obiwelu e não estava a contar com aquilo, tropecei em algo e lá fui eu de cara ao chão.

Levantei-me e olhei para o Pinóquio e vi que ele também estava triste com o episódio. Nada de especial, nem sequer me lembro se fiz algum arranhão.

Quando era criança fazia imenso desporto e o atletismo não era excepção. Sempre que havia uma prova na Covilhã e/ou arredores lá ia com os amigos a representar o CCD do Rodrigo (ex CPT do Rodrigo).

Era uma festa, pura diversão. Nem sequer ambicionava tempos ou lugares, corria por brincadeira e convívio. Já soube que há umas quantas fotos desses tempos, em breve vou resgata-las!

Passado mais de 20 anos, voltei a participar numa prova de atletismo.

2ª Edição Corrida do Sporting, 14-12-2012.

Nos meses que antecederam a prova, comecei a preparar-me para conseguir acabar os 10 km. Não foi nada fácil, corria 15 minutos e ficava completamente de rastos, só de imaginar que tinha 10 km pela frente até me causava suores. Lembro-me que na véspera estava tão ansioso que mal consegui dormir.

Lá estava eu e a Inês junto ao Estádio de Alvalade prontos para a minha estreia. Tínhamos o dorsal e chip e nem sequer sabíamos como usar aquilo. O dorsal era fácil, tinha o nome de cada um, este é meu, este é teu. O chip para colocar nas sapatilhas… ui, que é isto? Como se põe? Sei lá, ata aos atacadores e está a andar. Pois é, tal foi o mau jeito que acabamos por trocar os chips.

Corri com o dorsal Francisco Freire e chip Inês Barradas! Bonito!
Durante a prova fui correndo a medo entre a multidão e a pensar, isto é espectacular!

Milhares de pessoas correndo entre o estádio de Alvalade e o Marques de Pombal, sem transito. Uma perspectiva da cidade bem diferente do que estava habituado.

Cruzei a meta ao fim de 59 minutos com o nome Inês Barradas na classificação. Fiquei super contente ao entrar no meu estádio e ter pessoas a aplaudir e a gritar SPORTING!


A historia a partir desse dia vocês já conhecem: um pé à frente do outro.

Actualmente não estou no meu melhor momento, ainda assim, terminei 17 minutos mais cedo que a 1ª prova em que participei.



PS – Quanto mais corro no asfalto mais gosto de correr nos trilhos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

V de Vitoria

Está desvendado o mistério!

                                     

Obrigado por todas as opiniões, desde telefonemas, mensagens, e-mails, comentários, conversas…

Todas as distâncias foram referidas. Uns diziam 70, outros 100 e outros ainda mais loucos que eu 160…

Os 70 já estão conquistados, mas se tudo correr bem um dia volto a essa distância.

A história do entupimento da mochila que aconteceu este ano ainda me está atravessada na garganta. Quero acreditar que senão fosse isso conseguia fazer melhor.
Após alguma hesitação decidi abraçar este grande desafio, realizar 100Km na minha casa!

Além da distância ser superior a anterior, tem a dificuldade adicional de começar às 00:00 de sexta para sábado.

Desta vez além de ter que treinar muito mais e melhor que o ano anterior, tenho que treinar à noite com a luz do frontal (ainda vou ver de um Top Mundial).

A própria prova exigirá muito mais concentração e menos apreciação da paisagem.

Nada que meta medo ao Xico da Boina!

Ora bolas, sou um Serranito! Nós Serranitos, somos descendentes do Viriato.

Assi o Gentio diz. Responde o Gama:
– «Este que vês, pastor já foi de gado; 
Viriato sabemos que se chama, 
Destro na lança mais que no cajado; 
Injuriada tem de Roma a fama, 
Vencedor invencíbil, afamado. 
Não tem com ele, não, nem ter puderam, 
O primor que com Pirro já tiveram.
Lusiadas VIII, estância 6


Mais, sou o Xico da Boina, Viriato e ainda Vicente!

O Vicente tem a força da sua gente, que se apoia, que se une, que se ajuda.



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O OMD 2015 começou!

A V edição do OMD já tem data marcada há algum tempo, 05-06-2015. 

Desde que terminou a IV edição que tenho a duvida em qual irei participar. 

Gostava de repetir a dose e desta vez tentar uma melhor classificação. Concluir esta prova é um grande feito, conseguir um lugar no pódio um verdadeiro sonho! 

Por outro lado, estou tentado em aumentar a distância, uma vez que superei os + de 72km com distinção. Concluí o desafio com tanta felicidade que nem sentia o cansaço e as dores.

Foram 9h55min de grande alegria, contemplando a paisagem magnifica da Serra que tanto gosto e que faz parte de mim desde pequeno. Para relembrar, terminei no honroso 6º lugar.

Os 100 Km é um marco que um ultra maratonista pretende alcançar. As 100milhas (160km) é um sonho a realizar.

Para aqueles que habitualmente não correm e mesmo para os que correm, podem dizer que estas distancias são uma completa loucura, e ainda por cima realizados na Serra da Estrela em condições atmosféricas e geográficas bastante difíceis.

Poderão perguntar: “Mas é preciso correr tantos km? Não é demais? Mas para quê?”

Pois… não consigo responder às perguntas, a não ser: “Porque não?”

Não há quem passe um dia inteiro na praia, ou na piscina, ou no ski…?

Porque não passar um dia a percorrer os trilhos da Serra? Parece-me de gente normal e não de louca!

Já escrevi tanto e não disse nada, vou direito ao assunto.

As inscrições para a V edição abriram hoje. O nervosismo e as duvidas instalaram-se, K 70? K 100? K 160?

Se for ao K70 é para fazer melhor, para tentar o tal pódio. E se não consigo? Arrependo-me de não ter arriscado as distancias maiores! 

Fazer o 100k ou 160k?

As duvidas são muitas:

- Não estou preparado;

- Como treinar para estas distancias e dificuldades;

- Correr de noite não me agrada;

………………………………..

Vai uma grande confusão nesta cabeça!!!

Cabeça da Velha - Sra do Desterro - Seia

Se leram este post até ao fim, digam lá de vossa justiça.

A que distancia deve ir o Xico da Boina?

K 70?

K 100?

K 160?